domingo, agosto 12, 2012




A lição russa

Existe um mote de que “o jogo só acaba quando termina”. Apesar de expressão pleonástica guarda intensa profundidade. A lição russa de hoje tem tudo a ver com isso. Falo dos integrantes da equipe masculina de voleibol da Rússia que ganhou o jogo da tarde londrina de hoje disputado com nossos patrícios, obtendo a medalha olímpica de ouro. Para quem não conhece as regras dessa modalidade de esporte, o voleibol atualmente é disputado em melhor de cinco (5) sets de 25 pontos. A equipe brasileira havia ganhado os dois primeiros sets de 25X19 e 25X20. E o terceiro set ao ser disputado chegou a estar 22 pontos para os canarinhos do vôlei. Assim, faltavam apenas três (3) pontos! Três míseros pontinhos faltavam para encerrar a partida e a equipe comemorar a conquista, subir ao lugar mais alto do pódio e receber a medalha de ouro. “Tá na mão”, muitos pensaram ou disseram, inclusive eu. Em dois ou três minutos era só comemorar mais uma medalha dourada. Era quase impossível reverter o quadro, pois a equipe brasileira passara essa confiança. Quem naquele momento saiu da frente do televisor ou fechou o aparelho, ou saiu de casa, ou se desligou da partida, não tinha quase nenhuma dúvida da indiscutível vitória. E foi aí que funcionou a filosofia popular de que “o jogo só acaba quando termina”. Os russos que perdiam de 22X19, conseguiram reverter o placar, ganhando o terceiro set de 29X27. E jogo foi para o quarto set que se equipe brasileira vencesse, ganharia o jogo. Mas, perderam de novo, 25X22! E assim, veio o quinto e último set, chamado de tie-break (desempate), no qual o placar vai até 15 pontos. E os russos ganharam de 15X9! Se fosse numa olimpíada quando a Rússia ainda pertencia a extinta URSS, diriam que os rapazes se esforçaram, fizeram das tripas coração, deram o sangue, para não serem deportados à Sibéria ou receber outro castigo terrível quando retornassem para casa. Mas isso já não existe mais. Eles lutaram porque queriam vencer. Desculpas, teorias, argumentos, serão apresentados para explicar a derrota brasileira, inclusive a de que o técnico convocara e manteve como titular um filho seu. Alguns dirão que se a situação fosse inversa, nossos patrícios teriam sido acometidos de desânimo, conformismo, admitido antecipadamente a derrota, aceitado a situação e levado o jogo até completar o escore exigido. Ninguém nunca saberá. Mas, o comportamento dos russos, que fizeram a diferença, fica como lição para ser absorvida, mostrando que seja qual for a situação o atleta não pode nunca perder a confiança. Em situação nenhuma ele deve perder a esperança, seja qual for o placar, ele não pode abrir mão da garra de lutar para ganhar, de reverter a situação, de dar tudo de si, de buscar lá no fundo da alma o estímulo e a energia para superar qualquer que seja a dificuldade que se apresentar, mesmo parecendo impossível aos olhos dos demais mortais. O jogo acaba, mesmo sem ter findado, quando terminam esses ingredientes que mantém viva a chama da luta pela vitória.

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